Quando criança, além de marceneiro-escritor,doutor-rockstar e herói-delegado
eu queria ser astronauta.
Gostava de viajar pelo mundo, e principalmente para fora dele.
A ideia de ir à lua não era um pensamento fixo, já que um amigo tinha estado lá e resolvera voltar.
Sem mais, nem menos.
O que eu queria era saber se o mundo era mesmo tão pequeno visto lá de cima, porque assim sendo, eu talvez não fosse tão tampinha.
Li sobre Gagarin e Aldrin, e me imaginava fora dos limites da atmosfera (talvez lá não me faltasse o ar).
Conforme fui crescendo, abandonei tal ideia em detrimento de outras vontades que foram surgindo e partindo.
Assim como as pessoas que mais amei.
Bisavó, bisavô, pai, tios. Menina, pra sempre em meu coração, a maior amiga-canina que eu jamais vou ter.
Aprendi a andar de patins e a falar inglês, plantar milho, tocar guitarra, escrever poesia e colher milho.
Também fui aprendendo que nem tudo é como a gente quer, e que temos sim várias limitações.
E, tendo consciência dessas limitações, aprendi a ignorá-las. Os sonhos são muito maiores. E mais saborosos.
Dos castelos que moldei em minha infância, a princesa e o dragão não são peças de tabuleiro. E os amigos estão longe de serem coadjuvantes.
Agora estou numa nova empreitada.
Alguns duvidam, dizem que estou velho demais pra essas coisas e que não vale a pena.
Vou construir um forte!
Não quero me defender de nada,
mas preciso de uma estrutura reforçada.
Pra isso vou juntar:
pedra, papel, tesoura e fita adesiva
nada de remendo, lá vai ser tudo novo
e as calçadas cobertas de alegria de esquina a esquina.
Vou fazer um castelo de tangram e um canil de 10 alqueires!
Preciso de um pomar bem grande,
porque amigos por demais vou receber.
Pensei em chamar o local de Ilha de Páscoa, mas essa já existe.
E além do mais, nada por ali vai ser passageiro,
ainda que absolutamente tudo se renove o tempo inteiro.
como um sonho de criança.
"Nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar"
(Oliver Wendell Holmes)
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