[Ultimo(?) parágrafo]
“E é nesse momento, quando nosso espírito força ao corpo um último suspiro implorando por pouco mais deleite no delicioso cálice de humanidade, que nós percebemos que na realidade estamos todos sozinhos, de alguma maneira.”
Ludovic (título)
Sou impulsivo.
As palavras, reflexo do grito engasgado em minha garganta seca são, ainda que eu negue diversas vezes, a melhor forma de expressar aquilo que meu olhar insiste em externar sem sucesso. Ou eram.
Nos dias silenciosos, meu grito quase sempre eminente se reduz a pouco menos que sussurro e até mesmo leve silvo. O olhar que tanto se esforça em demonstrar aquilo que poucos podem perceber volta-se para dentro de mim.
A introversão como forma de resolver problemas antigos.
A introversão como forma de criar novos problemas.
Os irmãos Deixa-estar e Logo-passa me cumprimentam ironicamente. E a Rua das Ilusões se torna uma larga avenida onde camelôs banalizam vendendo sonhos. Meu coração (ou a cavidade deixada quando o perdi) me diz que algo não está certo.
Lanço-me em pensamentos de um passado nebuloso e olho o presente como quem desconfia demais do futuro.
“Não por hora” – repito ao ambulante pernicioso. “Estou sem tempo” – mente meu relógio de bolso.
Estou divagando.
Tentei explicar que as palavras perderam o senso de orientação. E faz tempo.
Que valha pela tentativa e assim ficamos.
São os dias azuis, onde toda a variação de cor dá em tons de cinza.
Procuro a paz que um dia me esteve às mãos e rejeitei em preferência de aventuras.
Meus olhos tristonhos mergulham no azul do mar que a tanto não vejo enquanto minhas narinas embargadas pelo cheiro de solidão me trazem a brisa salubre. Lembranças de antes de minha alma se partir em pedaços.
Dizem que no fim da vida a gente fica assim, meio bucólico. Morrerei jovem porque penso que de morrer a juventude não tem medo.
Decisões a serem tomadas.
São as atitudes que tomamos que escrevem as melodias das canções que cantamos durante a vida.
Paz e bem.
M, fique bem logo. Preciso de você comigo.