sexta-feira, 7 de maio de 2010

Perdas: diálogo entre X e Y

Desde que o mundo é mundo e os nossos ancestrais resolveram sair das cavernas e dar o pontapé inicial para que o termo “Sociedade” se tornasse algo digamos... mais “robusto” não só no conceito etimológico em si, mas na vivência em sociedade ou “associação amistosa” ocorrem fatos que quebram os paradigmas do “companheirismo” (do Latim, socius = companheiro), tornando algumas situações simplesmente insustentáveis, e provocando-nos ao breve retorno à instintos deveras “primitivos”.

X: Oi.

Y: Olá, como vai?

X: Não tão bem quanto eu suponho que você esteja, mas passo bem.

Y: Legal. C’est La vie.

X: Mas então me diga, ainda está com você?

Y: Não sei do que você está falando.

X: Eu procurei por toda a parte. Achei que nunca encontraria.

Y: Você está ficando doido, precisa se tratar. Não sei do que falas.

X: E depois de lutar muito pra obter, eu te entreguei. Você guardou?

Y: Tá, tá bom. Vou jogar teu brinquedo. E se eu tiver perdido?

X: Você não perderia assim, tão fácil. Me diz que guardou num local seguro...

Y: Não, eu não guardei. Entreguei ao primeiro transeunte bêbado, numa festa.

X: Como assim, numa festa? E tudo o que eu fiz pra conseguir? Hãn?

Y: Você está doente. É sério.

X: Você é quem está doente. Não entende...

Y: Se assim você pensa. Me diz, do que você fala?

X: Nada. Deixa pra lá. Vou embora.

Y: Tudo bem, tchau.

X: Não, eu falo. Só perguntava sobre o AMOR, que eu te entreguei.

Y: Você chama “aquilo” de AMOR? Tá de brincadeira comigo.

X: -

Y: Eu tive muitos parecidos com aquele, o seu devo ter jogado em algum cômodo mofado.

X: Imagino que não haja espaço pra guardar, te entendo.

Y: Entende nada. E o seu nem era o maior.

X: Mas era o melhor que eu pude, e foi verdadeiro.

Y: Verdade? Rá.

X: Mas me diz, você guardou ou não? E o nosso beijo secreto?

Y: Me deixe em paz.

X Mas...

Y: ME-DEIXE-EM-PAZ!

X: É isso mesmo o que você quer?

Y: Saia da minha vida, pra sempre.

X: Se é o que você quer, eu saio. Mas diga, é isso o que você quer?

Y: Sim. Não vou repetir.

X: Mas antes de eu ir, ao menos me diga...

Y: Dizer o que?

X: Diga que não passam de mentiras, quando dizem que o amor morreu.

“Se amas alguma coisa, deixe-a livre: Se voltar é porque a conquistou. Se não voltar, é porque jamais a tiveste...” (Richard Bach)

Eu ia e vinha...

Eu ia e vinha...
... e era lá que eu me perdia, no espaço entre teus lábios.

Um travessão e uma exclamação.