domingo, 5 de dezembro de 2010

Isso é a Guerra.

Há uma guerra sangrenta instalada nas ruas e só não vê quem não quer. Embora o sangue esteja por diversas vezes despido de seu vermelho característico, se pode sentir seu cheiro agridoce espalhado no ar juntamente com o medo, arma letal dessa guerra injusta. Muitas pessoas vagam sem destino, sem tempo para observar o céu doente, pintado de cinza-chumbo e os aromatizadores no interior de seus carros impedem que sintam o apodrecer dos corpos jogados ao chão, que elas só não enxergam porque estão ocupadas demais no ter, outra das artimanhas da Guerra.

Diante desse caos, a alternativa dos loucos é fugir ou se entregar à dominação. Pessoas vagam sem saber para onde ir, e sem parar um segundo para raciocinar o quão descartáveis formas de carbono são, e durarão menos do que as sacolas plásticas onde colecionam seu lixo.

E todo o lixo que se vende na TV e na internet, é o bastante para encher bilhões de cabeças com merda e mais merda. Numa armazenagem infinita do não-ser e investimento na afirmação dos estereótipos do bem-sucedido e do pode-tudo.

Enquanto a natureza continua a morrer.

O Homo Sapiens evoluiu para o Sapiens Sapiens, o ser humano como conhecemos (íamos). O próximo grande salto evolutivo só pode ser conseqüência da nanotecnologia e da inteligência artificial. Mas não é.

A natureza morre,

E nós caminhamos para o Desumano.

Sentado com meus livros e um pouco do bom vinho, me refugio na loucura, sei que deveria estar fazendo algo para combater, mas as forças são (eram) poucas diante da injustiça que existe em todos os sentidos.

E a música que ouço é triste.

Lá fora ouço crianças brincarem, alheias aos problemas ecológicos e sociais, e uma idosa procura utilizar o pouco que lhe resta de vida, observando o belo e tentando caminhar sobre as fracas pernas. Um casal apaixonado se abraça, quase imóvel. E dentro do meu peito sinto que ainda existe um meio de transformar para o bem.

Contra toda Guerra injusta existe uma campanha de resistência. Ainda que nasça silenciosa e escondida dentro dos protagonistas que não sabem ainda a importância de seu papel, e nem conhecem o timing de entrada.

O Amor é a nossa resistência.

O Amor.

Sempre o Amor.

Eu ia e vinha...

Eu ia e vinha...
... e era lá que eu me perdia, no espaço entre teus lábios.

Um travessão e uma exclamação.