sábado, 19 de março de 2011

Confortavelmente estático. Ou não.

Dias.

Em que me sinto assim, leve. E todas aquelas nuvens cinzentas de dúvidas acerca do presente-futuro se dissipam, bem diante dos meus olhos. Consigo olhar a vida por outras perspectivas, meu comportamento autodestrutivo, que julgava ser a única arma disponível para combater os fantasmas que insistiam em me assombrar soa apenas como um grito. E um grito contido.

Na imensidão do ser-ou-não-ser me vejo sentado atrás do painel de controle de minhas emoções, tudo bem, nem tanto, mas assumo a responsabilidade por quaisquer danos causados por minhas atitudes.

Estou sóbrio.

Sobriedade não é somente o estado em que a gente se encontra quando há ausência de álcool no organismo. É algo ao mesmo tempo palpável e etéreo. Como o amor.

Ah, o amor. Eu sempre desconfiado com relação a ele. Ele nunca confiante em relação a mim. Ou seria o contrário? Mas por que então agora? Não se sabe.

“ - É o amor-próprio, contribui.

- Sim, mas nem tanto, tem o lance da maturidade também.

- Acho que isso não conta, tem que estar aberto, eu concordo. Mas de uma maneira despretensiosa, o que faz valer à pena são os pequenos momentos.

- A vida é um pequeno momento. Já parou pra pensar na insignificância da sua existência comparada ao todo?

- Sim, eu sei que não sou o centro do universo. Nem quero ser. Mas você não está me entendendo. Na verdade nem sei o que estou tentando explicar.

- Ora, vamos ao que interessa afinal. O que vai ser pro almoço?

- Concordo, melhor questão a ser discutida sempre.”

E assim vou seguindo em meus dias preguiçosos, relativamente feliz e confiante. Com imagens de dias nublados em minha mente. Mas bons dias nublados, repletos dos tais pequenos momentos que fazem a vida valer à pena. Eu deslizo, vôo num mar de lençóis, procurando um cheiro que está impregnado em meu olfato, assim como a imagem do Anjo tatuada em minha retina nesses dias em que me sinto aquecido.

Que a sobriedade me ajude a estar aqui por nós dois, por mais alguns segundos ou pela vida inteira.

Eu ia e vinha...

Eu ia e vinha...
... e era lá que eu me perdia, no espaço entre teus lábios.

Um travessão e uma exclamação.