quinta-feira, 25 de março de 2010
Somnium
quarta-feira, 24 de março de 2010
A grande idéia
Grifando Palavras
Desde sempre fui orientado a grifar as palavras que não conhecia, para uma posterior busca no majestoso “Aurélião”. Fato é, que tal atitude se tornou dispensável com o passar dos anos. Não deixei de grifar palavras, mas a consulta deixou de ser necessária, pois a própria vida me deu o significado de várias delas.
Dor. Saudade. Sofrimento. Alegria. Festa. Salário. Final de semana. Estudar...
São algumas das palavras, que parecem simples, mas que tem pouca significação e fazem quase nenhum sentido a uma criança de seis anos.
Penso que naquele tempo eu talvez fosse mais íntimo das palavras.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Pensamento Desconexo
quinta-feira, 18 de março de 2010
O Buraco
Inicialmente as pessoas deram pouca importância ao buraco. Um ou outro jovem casal apontava-o rindo, mas logo em seguida distraía-se com a corneta do sorveteiro ou uma briga entre cachorros.
Após as crianças começarem a desaparecer, foi que se começou a especular sobre a origem do buraco, em que circunstâncias surgira e o porque de ficar ali suspenso, imóvel no centro da praça, ao lado da santa.
Aos poucos a monocromia do buraco foi se transformando e dando lugar a cores ora intensas e vibrantes como a aurora ora sutis, porém pesadas como o céu de outono. Muito se comentava, mas era durante a noite que acontecia o grande espetáculo: luzes estroboscópicas partiam em direção ao céu, e melodias habilidosamente harmoniosas ecoavam ao vento, buscando os ouvidos da população do vilarejo, criando um ambiente etéreo. Multidões se reuniam para presenciar extasiadas o momento paralisante e encantador.
- Obra do demônio! É o fim dos tempos! Diziam algumas idosas beatas, indignadas com o comportamento de seus conterrâneos.
O buraco se tornou alvo de diversos estudos, o que resultou no surgimento de várias teorias a respeito de sua origem, e do objetivo de sua existência. Alguns diziam que o buraco viera da abóbada celeste, com ordem direta do Arcanjo Miguel, com a missão de unir os povos do planeta, neste início de milênio. Para outros se tratava de um artefato alienígena, instalado para mapear e modificar o DNA humano, criando uma raça de Superseres, consequentemente dominando o planeta.
A variedade de opiniões sobre o buraco alavancava discussões calorosas tanto entre populares, como entre especialistas. Coisas estranhas aconteciam. Dizem que, certa vez, foram ouvidos gritos seguidos de risos. Lembro-me de ter presenciado o dia em que uma revoada de abutres saiu de dentro do buraco, em direção ao céu, quando, ao atingir a estratosfera literalmente explodiram, causando uma chuva de sangue e penas negras. O sinistro espetáculo recebeu atenção da mídia regional. Movidas pela curiosidade, as pessoas passaram a promover excursões e peregrinações ao buraco. Alguns odiavam-no, outros temiam-no. Muitos o exaltavam, sobretudo nas épocas de chuva de níquel.
O vilarejo cresceu, se tornando uma metrópole mundialmente conhecida, destino certo nos pacotes de viagem. Com o tempo, não mais se falou no desaparecimento das crianças.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Guardanapo velho, em cima de um piano empoeirado.
sábado, 13 de março de 2010
Untitled
quarta-feira, 10 de março de 2010
Fragmento Reticente nº I
Espera no corredor frio. Mais um pouco de café, para se manter aquecido e suportar. Ou fingir. São onze dias, que mais lhe parecem a eternidade. Pensa nos papéis em cima da mesa, cartas nunca escritas. O mundo tornara-se grande demais para que pudesse ser notado. Busca forças, sabendo que não pode encontrar. O único momento em que se sente vivo, em meio ao caos que se instalou em sua mente comprometendo-lhe a sanidade, é o momento em que pode visualizar o Anjo.
E lá ele está. Imóvel. Respiração leve. Os olhos fechados,inspiram no observador uma sensação momentânea de paz e tranqüilidade. Somente momentânea, a sensação.
O Anjo sofre e Ele não sabe como agir, tem vontade de fugir, pra longe, mas não poderia abandoná-lo. Ele vê que os medicamentos poupam o Anjo de sentir dor e sente em não poder transmiti-la, a dor, para o seu próprio corpo. Pensa na injustiça, na intolerância. É o maior teste que ele já enfrentou em sua vida...